Traumas de Infância e a Vida Adulta: Quando Isolamento Vira um Mecanismo de Defesa e Fuga

Imagine uma criança que, ao enfrentar um problema, não tem para quem correr. Suas lágrimas secam antes que alguém as veja, e ela aprende, cedo demais, que precisa resolver tudo sozinha. Agora imagine essa criança crescida. Um adulto que, diante de desafios, não pede ajuda e não confia em ninguém. Que se isola. Que carrega o peso do mundo nos ombros, sem perceber que esse peso não precisava ser carregado sozinho. Se você se identificou, ou conhece alguém assim, esse texto é para você.

Homem solitário no Aeroporto

O Reflexo dos Traumas de Infância na Vida Adulta e o Isolamento

A infância é o alicerce da nossa construção emocional e da nossa personalidade. É nela que aprendemos sobre amor, proteção e, principalmente, sobre confiar nos outros.

Quando uma criança cresce sem apoio emocional, ou em um ambiente onde sente que não existe nenhum amparo ou segurança ela acaba aprendendo que precisa enfrentar tudo sozinha, ela internaliza uma crença mais ou menos nesse formato: “Eu só posso contar comigo mesmo”.

Na vida adulta, isso se manifesta de diversas formas:

• Dificuldade em pedir ajuda: a pessoa sente que demonstrar fraqueza ou necessidade é algo vergonhoso.

  
  

• Isolamento emocional: evita compartilhar seus sentimentos, pois aprendeu que suas dores não importam para os outros.

  
  

• Autossuficiência extrema: recusa apoio mesmo quando está exausto.

  
  

• Ansiedade e estresse crônico: carrega uma carga emocional desnecessária.

  
  

• Dificuldade em criar vínculos profundos: tem medo de depender emocionalmente de alguém.

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e o Caminho para a Mudança

A TCC é uma abordagem eficaz para ressignificar experiências do passado e modificar padrões disfuncionais de pensamento e comportamento. No caso de pessoas que se isolam diante de problemas, a TCC trabalha com:

1. Identificação de crenças disfuncionais: “Se eu pedir ajuda, vou ser rejeitado” ou “Sou fraco se não resolver sozinho”.

   
   

2. Reestruturação cognitiva: desafiar e reformular pensamentos negativos, criando novas formas de interpretar situações.

   
   

3. Exposição gradual ao compartilhamento emocional: aprender a confiar nas pessoas aos poucos. E ter inteligência emocional para analisar e escolher e quem confiar

   
   

4. Técnicas de regulação emocional: desenvolver estratégias saudáveis para lidar com o estresse e a ansiedade.

   
   

5. Construção de novos padrões de interação: aprender a criar conexões saudáveis e pedir apoio sem culpa.

   
   

Não Precisamos Enfrentar Tudo Sozinhos

Se isolar pode parecer a solução mais segura, mas, na realidade, é um ciclo que perpetua a dor. O suporte emocional é essencial para o bem-estar e crescimento pessoal, você pode ter sua independência e auto suficiência mas ter uma rede de apoio de amigos e familiares não é sinal de fraqueza e não deve ser fonte de insegurança. Buscar ajuda psicológica não é sinal de imperfeição, mas de coragem.

Se você sente que essa história ressoa com a sua, considere procurar um psicólogo. A TCC é uma abordagem baseada em evidências que pode ajudar você a superar/ressignificar o passado e construir um futuro mais leve.

Referências Bibliográficas

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ELLIS, Albert; DRYDEN, Windy. Fundamentos da Terapia Racional-Emotiva e Cognitiva-Comportamental. Porto Alegre: Artmed, 2007.

YOUNG, Jeffrey E.; KLOSKO, Janet S.; WEISHARR, Marjorie E. Terapia do Esquema: Guia para clínicos e pacientes. Porto Alegre: Artmed, 2008.

KNAPP, Paula. Manual de Terapia Cognitivo-Comportamental. São Paulo: Pearson, 2019.

LINEHAN, Marsha M. Terapia Cognitivo-Comportamental para Transtorno da Personalidade Borderline. Porto Alegre: Artmed, 2010.