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Traumas de Infância e a Vida Adulta: O Peso Invisível de Quem Cuida de Todos

Há quem diga que ser forte é uma virtude. Que colocar as dores de lado para cuidar dos outros é um sinal de coragem. Mas e quando essa força se transforma em um fardo silencioso? Quando o cansaço se torna crônico, a energia se esvai e, de repente, você percebe que está perdendo a si mesmo? Você se reconhece nessa descrição? Pois é. Por trás desse comportamento, muitas vezes, há traumas de infância ainda vivos, moldando sua forma de ver o mundo e de se relacionar consigo mesmo.



As Feridas da Infância que Não Cicatrizam Sozinhas

A infância é o alicerce da identidade humana. Quando crescemos em ambientes onde o amor e a segurança emocional são escassos, aprendemos, mesmo que inconscientemente, a nos moldar para agradar e atender às necessidades dos outros. A criança que aprendeu a ser "forte" demais muitas vezes tornou-se o adulto que cuida de todos, mas esquece de si.

Menino preocupado
Criança preocupada

Traumas infantis podem se manifestar na vida adulta de diversas formas, incluindo:


  • Hipervigilância emocional: sempre atento às necessidades alheias, sem conseguir relaxar.

  • Dificuldade em estabelecer limites: medo de decepcionar ou ser rejeitado.

  • Perfeccionismo exaustivo: necessidade de provar constantemente seu valor.

  • Sensação crônica de cansaço e esgotamento emocional.


Essas dinâmicas podem ser entendidas através do conceito de esquemas mal adaptativos precoces, desenvolvido por Jeffrey Young, que explica como padrões emocionais negativos aprendidos na infância se perpetuam na vida adulta.


Como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) Pode Ajudar a Tratar Traumas de Infância?


A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem baseada em evidências científicas que auxilia na reestruturação de padrões de pensamento disfuncionais. Em outras palavras, ajuda a desvendar e modificar os "programas" emocionais que aprendemos desde cedo e que, muitas vezes, continuam rodando em nossa mente sem que percebamos.

No caso da pessoa que cuida de todos e se sente exausta, a TCC trabalha aspectos como:


  1. Identificação de crenças disfuncionais: "Se eu não estiver sempre disponível, ninguém vai me amar."

  2. Treino de assertividade: aprender a dizer "não" sem culpa e impor limites saudáveis.

  3. Reestruturação cognitiva: substituir pensamentos autodestrutivos por outros mais equilibrados e realistas.

  4. Autocuidado e autoaceitação: desenvolver um novo relacionamento consigo mesmo, entendendo que não é necessário se sacrificar para ser digno de amor, ou cuidar dos outros.


Libertando-se do Ciclo: O Primeiro Passo


Homem em sessão de Terapia

A compreensão do passado não deve servir como uma prisão emocional, mas sim como um mapa para a liberdade. O primeiro passo para quebrar esse ciclo é reconhecer que você também merece cuidado. E se isso parecer difícil, um psicólogo especializado em TCC pode guiar esse processo, ajudando você a reconstruir sua história com novos significados.


Se você sente que está perdendo a si mesmo enquanto cuida de todos, talvez seja hora de começar a cuidar de quem sempre esteve em segundo, ou terceiro plano: você mesmo.

 

Referências Bibliográficas


BECK, Aaron T. Terapia Cognitiva: Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed, 1997.


BURNS, David D. Sentindo-se Bem: O Novo Tratamento da Depressão. São Paulo: Ediouro, 2000.


ELLIS, Albert; DRYDEN, Windy. Fundamentos da Terapia Racional-Emotiva e Cognitiva-Comportamental. Porto Alegre: Artmed, 2007.


YOUNG, Jeffrey E.; KLOSKO, Janet S.; WEISHARR, Marjorie E. Terapia do Esquema: Guia para clínicos e pacientes. Porto Alegre: Artmed, 2008.


KNAPP, Paula. Manual de Terapia Cognitivo-Comportamental. São Paulo: Pearson, 2019.


GILBERT, Paul. A Mente Compassiva. Porto Alegre: Artmed, 2015.

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Jackson Ferreira

Psicologia e desenvolvimento pessoal
CRP: 06/113929

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