Transtorno de Personalidade Histriônica: Como Reconhecer e Lidar com o Drama Emocional
Joana tinha 28 anos e era conhecida por chamar atenção em qualquer lugar que ia. Sempre que podia se gabava de como suas fotos sensuais faziam sucesso na internet e como tinha vários homens aos seus pés. Na empresa, sua presença chamava a atenção, mas também causava desconforto. Certa vez, durante uma reunião, ao não receber um elogio esperado por uma ideia que propôs, saiu da sala esbravejando dramaticamente, acusando os colegas de desprezo. Em seu relacionamento amoroso, qualquer desentendimento tornava-se um espetáculo emocional, menosprezava seu parceiro e o deixava exausto. Sua vida era um ciclo constante de altos e baixos, as vezes sentia que todos estavam contra ela e sentiam inveja, tinha momentos de euforia e crises emocionais intensas. Até que, após perder o emprego e o namorado, Joana finalmente buscou ajuda psicológica. O diagnóstico? Transtorno de Personalidade Histriônico.
O que é o Transtorno de Personalidade Histriônica?
O Transtorno de Personalidade Histriônica (TPH) caracteriza-se por uma busca excessiva por atenção, comportamento teatral e uma necessidade intensa de aprovação. Indivíduos com esse transtorno frequentemente exageram suas emoções e demonstram reações dramáticas, buscando ser o foco em qualquer situação.
Definição pelo DSM-V
Segundo o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), o TPH pertence ao grupo dos transtornos de personalidade do Cluster B, que envolve comportamentos dramáticos, emocionais e erráticos. Para o diagnóstico, é necessário que esses comportamentos sejam persistentes, inflexíveis e causem prejuízo significativo na vida da pessoa.
Os critérios incluem:
Necessidade de ser o centro das atenções.
Emoções superficiais e facilmente influenciadas.
Comportamento sexualmente provocativo ou inapropriado.
Dramatização e teatralidade excessivas.
Visão distorcida dos relacionamentos, frequentemente exagerando sua intimidade.
Traços versus transtorno
Ter traços histriônicos, como gostar de se expressar dramaticamente ou buscar atenção, não significa ter o transtorno. O diagnóstico é dado apenas quando essas características afetam negativamente a vida pessoal, social ou profissional do indivíduo e aparecem de forma persistente na vida da pessoas.
Quantos tipos de personalidade histriônica existem?
O DSM-V não categoriza subtipos específicos para o TPH. No entanto, estudos clínicos e observações apontam possíveis nuances baseadas na manifestação dos sintomas:
Histriônico Sedutor: Foca em atrair atenção por meio de charme ou sensualidade.
Histriônico Dependente: Usa o drama para ter atenção cuidado e proteção.
Histriônico Hostil: Usa comportamentos emocionais intensos de maneira manipuladora.
Principais sintomas
Busca incansável por atenção.
Reações emocionais desproporcionais às situações.
Tendência a interpretar relações superficiais como íntimas.
Discurso ou comportamento excessivamente dramático.
Sensibilidade extrema à rejeição ou crítica.
Relacionamentos, trabalho e família
No relacionamento amoroso: São intensos, sedutores e frequentemente demandam atenção constante. Pequenos conflitos podem ser amplificados, dificultando a estabilidade.
No trabalho: Embora possam ser carismáticos e envolventes, muitas vezes trazem instabilidade devido ao drama e à dificuldade de aceitar críticas.
Na família: Podem monopolizar a atenção e criar tensões emocionais ao exagerar ou distorcer eventos.
Os perigos para quem convive e como se proteger
Conviver com alguém com TPH pode ser emocionalmente desgastante. Os comportamentos dramáticos podem se transformar em manipulação ou chantagem emocional. Pessoas com TPH têm dificuldade em lidar com a frustração e podem reagir de maneira explosiva ou vingativa quando contrariadas.
Como se proteger:
Estabeleça limites claros e firmes.
Evite entrar no "jogo emocional" da pessoa.
Valorize suas próprias necessidades emocionais, não permitindo que sejam negligenciadas.
Busque suporte psicológico, se necessário, para lidar com o impacto.
Tratamento e cura
Embora não exista "cura" para o TPH, a terapia pode ajudar significativamente. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é eficaz para ajudar a pessoa a reconhecer e modificar padrões de pensamento e comportamento. Outras abordagens, como a terapia psicodinâmica, também podem ser úteis para explorar questões subjacentes.
O papel da terapia
Para quem tem o transtorno: Promove o autoconhecimento, ajuda no desenvolvimento de estratégias saudáveis de lidar com emoções e melhora as habilidades de relacionamento.
Para quem convive: Oferece suporte emocional e ferramentas para manejar os desafios diários.
O Transtorno de Personalidade Histriônico é complexo, mas com o apoio certo, tanto a pessoa que vive com o transtorno quanto aqueles ao seu redor podem encontrar equilíbrio e harmonia. Afinal, entender e respeitar as emoções, sem deixá-las dominar, é a chave para uma vida mais saudável e equilibrada.
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