Ela ou Ele é mau caráter ou tem um problema emocional?
Michael* sempre foi um rapaz tranquilo, de bom coração e com seus vinte e poucos anos acreditava no amor verdadeiro. Foi assim que conheceu Sara, uma jovem bonita e cheia de energia que morava em outro estado. O encantamento foi instantâneo. Movido pela paixão, Michael viajou para encontrá-la, e logo começaram a namorar. O sentimento era intenso, e quando Sara decidiu se mudar para a casa dele, parecia o início de uma história feliz. Mas a realidade estava prestes a se mostrar bem diferente.
Com o passar dos dias, as coisas começaram a mudar. Pequenos desentendimentos se transformavam em batalhas intermináveis. Uma toalha esquecida sobre a cama podia desencadear discussões dignas de uma guerra. O controle que Sara exercia sobre Michael era estranho. Cada minuto que ele passava fora de casa era cronometrado, e qualquer atraso de cinco minutos era motivo para uma nova crise. O futebol com os amigos, que sempre foi uma paixão de Michael, virou um problema. Para evitar conflitos, ele deixou de jogar, de se exercitar e, com isso, começou a ganhar peso. Em vez de apoio, encontrou críticas: Sara comentava sobre sua aparência, tornando-se cada vez mais cruel em suas palavras.
As exigências de Sara não paravam por aí. Afastou Michael da própria família, convencendo-o de que não precisavam da presença deles. O que antes era uma vida equilibrada se tornou um ciclo vicioso de controle, discussões e desgaste emocional.

O estopim veio quando Sara decidiu passar um fim de semana na casa de uma amiga, para dar um tempo na relação e nas brigas. Quando voltou, uma discussão banal se transformou em um terremoto emocional. Sentindo-se contrariada, Sara, em meio à raiva, afirmou sem hesitação: "Fiquei com outro homem naquele final de semana". Michael conhecia bem aquele padrão. Sabia que, quando confrontada, Sara dizia coisas para feri-lo, para desestabilizá-lo emocionalmente. E sabia também que ela não tinha problemas em mentir quando era conveniente.
Apesar do amor que sentia, Michael percebeu que não poderia mais viver daquela maneira. O relacionamento havia se tornado uma prisão emocional. Ele precisava se libertar. Com dor, mas também com a certeza de que não aguentava mais, decidiu dar um basta.
Mas as dúvidas ficaram. O que realmente aconteceu naquele final de semana? Teria ela dito a verdade? Ou era apenas mais uma tentativa de ferir seu orgulho e emoções? Mais do que isso, como ele permitiu que sua vida se transformasse em um ciclo de renúncias e sofrimento?
E você? já se pegou tentando decifrar o comportamento de alguém que te fez mal? Ele(a) é mau caráter ou tem um problema emocional? aqui vai uma verdade incômoda: talvez a resposta não mude nada para você. Mas calma, vamos por partes.
Muita gente me pergunta no consultório: "Isso é falta de caráter ou um problema emocional?" Parece uma diferença crucial, não é? Se for problema emocional, talvez tenha solução. Se for caráter, melhor correr para as colinas. Mas a realidade é um pouco mais complexa.
Mau caráter ou tem um problema emocional?: como identificar?
Primeiro, vamos aos sinais. Uma pessoa com desvio de caráter tende a agir de forma predatória. Ela humilha, manipula e subjuga o outro com intenção clara: extrair algo. Dinheiro, status, admiração ou simplesmente o prazer de estar no controle. Não há arrependimento genuíno, e sim uma estratégia para continuar jogando. A sensação de quem convive com esse tipo de pessoa? Um desgaste emocional absurdo, como se sua sanidade estivesse sempre por um fio.
Já os problemas emocionais costumam gerar reações impulsivas, confusas, caóticas. Sabe quando você está sobrecarregado e faz algo sem nem saber explicar depois? Pois é. Pessoas emocionalmente instáveis são movidas pelo medo, pela ansiedade e pelo desespero. Elas erram, mas frequentemente se arrependem (mesmo que repitam o erro depois). Aqui, a intenção não é destruir o outro, mas sim se proteger de uma dor que nem elas mesmas entendem direito.
E então, o que fazer?
Seu primeiro impulso pode ser "Ah, mas se é um problema emocional, talvez eu consiga ajudar...". E aqui está o perigo. Sim, problemas emocionais podem ser tratados com terapia, autoconhecimento e muito trabalho interno. Mas você quer ser terapeuta informal de alguém? E se essa pessoa não quiser mudar? Vale lembrar: mudar dá trabalho. Não basta amor, paciência e boa vontade. A pessoa precisa querer.
Já nos casos de desvios de caráter, a solução costuma ser bem mais radical. Distância. Algumas pessoas só param quando são forçadas a parar, seja por um limite muito bem imposto ou por consequências reais (leia-se: cadeia, isolamento ou um "basta" definitivo de quem elas manipulam).
Mas, no fim das contas, essa resposta realmente importa?
Se a convivência com essa pessoa está te deixando ansioso, deprimido, desgastado e sem brilho nos olhos, a grande questão não é se o problema dela é moral ou emocional. É o impacto que isso tem em VOCÊ. Vale a pena continuar tentando entender se, no fim das contas, você sai sempre machucado?
Agora, me conta: esse texto fez sentido para você? Se sim, reflita sobre como anda sua própria saúde emocional e o que está disposto a tolerar. Afinal, algumas respostas são menos relevantes do que a própria necessidade de se afastar do que te faz mal.
*Todas as estórias ilustrativas no blog são fictícia com nomes fictícios mas inspiradas em diferentes relatos verdadeiros disponíveis publicamente na internet.
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